Mercado Ilegal De Álcool Drena R$ 28 Bilhões do Brasil Em 2024, com Alarmante Crescimento da Falsificação
SÃO PAULO – Um novo estudo conduzido pela Euromonitor International para a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), revela que o mercado ilegal de álcool no Brasil continua a impor um custo alto à economia e à saúde pública de R$28 bilhões. Esse montante, para efeito de comparação, é superior aos gastos federais com segurança pública e equivalente a 12% de todo o orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS) no mesmo ano. Este cenário deixa evidente a urgência de ações coordenadas.
Falsificação: a maior preocupação
Do volume de bebidas destiladas, 28% são de bebidas ilegais que são objetos de crimes como sonegação fiscal, contrabando/descaminho, falsificação e produção sem registro. O ilícito mais prejudicial, tanto ao setor produtivo quanto aos consumidores, é a falsificação. Estima-se que a cada 5 garrafas de whisky ou de vodca, 1 seja potencialmente falsa.
Os dois principais métodos de falsificação, comumente encontrados no mercado, são o “refil” de garrafas de marcas reconhecidas utilizando produtos de baixo custo ou a falsificação a partir do uso de álcool impróprio para consumo humano., colocando em risco a saúde dos consumidores. A discrepância de preços é o principal atrativo.: durante o estudo identificou-se que produtos falsificados são, em média, 35% mais baratos, e em marketplaces online, a diferença do whisky falsificado para o original chega a até 48%.
Crescimento no consumo de bebidas inapropriadas para ingestão humana
Outro dado alarmante é o crescimento de 13% no consumo de álcool substituto (álcool de fontes não destinadas ao consumo humano, como álcool de limpeza) em 2024. Esse aumento está diretamente relacionado ao crescimento da população em situação de rua no país.
A falsificação acontece principalmente porque o crime organizado está cada vez mais estruturado, controlando etapas que vão desde a coleta de garrafas até a impressão de rótulos sofisticados. “A alta carga tributária do setor de destilados e a impunidade estão entre os principais fatores que estimulam o comércio ilícito”, alerta Eduardo Cidade, presidente da ABBD. “É importante entender que um sistema tributário mais simples e equitativo, que inclua uma alíquota única para todas as bebidas e não puna ainda mais o setor de destilados, s é fundamental para ajudar no combate às atividades criminosas e, consequentemente, na redução da perda fiscal”, pontua.
Joao Garcia, Gerente de Consultoria da Euromonitor International, reforça: “Há diferentes fatores que mantém o ilícito relevante na categoria de bebidas: a alta carga tributária, a dificuldade de fiscalização em grandes territórios, a sofisticação crescente das redes criminosas e a disseminação de canais de venda informais e digitais que ajudam no escoamento desses produtos. “.
Contrabando em retração, outras ilicitudes em alerta
O estudo traz um dado positivo: o contrabando de bebidas alcoólicas recuou cerca de 25% em volume em 2024. Essa redução é atribuída à valorização do dólar frente ao real, que impacta as margens de lucro dos contrabandistas, e a maior eficiência da fiscalização, impulsionada pelo uso de tecnologias avançadas como drones nas fronteiras.
Impacto setorial e apelo à ação conjunta
Os destilados são as categorias mais atingidas pelo mercado ilegal, enquanto fermentados como vinho e cerveja registram penetrações ilícitas menores (7% e 2%, respectivamente). O relatório destaca que a persistência do problema é multifatorial, englobando alta carga tributária do setor de destilados, fiscalização fragmentada, sofisticação do crime organizado e a proliferação de canais de venda informais e digitais.
Para enfrentar este cenário complexo, a ABBD e a Euromonitor International reforçam a necessidade de uma abordagem integrada e atualizada para se coibir todos os ilícitos, que envolva empresas (campanhas de conscientização), o governo (intensificando a fiscalização), as forças de segurança (atuando em fronteiras e integrando inteligência) e os próprios consumidores (verificando a procedência e denunciando irregularidades).
“Combater o mercado ilegal de bebidas alcoólicas é proteger a arrecadação de impostos que financia serviços públicos essenciais, proteger o consumidor de produtos irregulares e proteger a concorrência justa”, conclui Eduardo Cidade, presidente da ABBD.
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