
BEBIDA FALSIFICADA É PRODUTO DO CRIME
Em setembro de 2025, o Brasil registrou intoxicações por bebidas falsificadas com metanol, principalmente em São Paulo. Diante da situação, autoridades intensificaram as fiscalizações e apreenderam centenas de garrafas irregulares, descobriram fábricas clandestinas e detiveram suspeitos de participar do esquema. As investigações apontam para a atuação de organizações criminosas. Afinal, bebida falsificada é produto do crime!
Em função disso, a Câmara dos Deputados aprovou, no dia 28/10, o projeto que torna crime hediondo a falsificação de bebidas e alimentos em resposta ao número crescente de casos de contaminação de bebida alcoólica com metanol. O projeto segue para o Senado Federal, onde também precisa ser aprovado para entrar em vigor.
O episódio reforça a importância da compra de bebidas apenas em locais confiáveis e da atenção redobrada a produtos de procedência duvidosa.
A Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), a ABRABE (Associação Brasileira de Bebidas) e a ABRASEL (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) uniram forças em um grande movimento. O objetivo é fortalecer a proteção do consumidor, fornecer informações práticas a comerciantes, bares, restaurantes e demais membros da cadeia de distribuição, tudo em prol do combate à falsificação de bebidas alcoólicas.
A Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD) assinou, ao lado do Governo do Estado de São Paulo e de diversas entidades representativas do setor de alimentação e bebidas, um Protocolo de Intenções que estabelece um quadro de cooperação voltado ao combate de contaminação por metanol em decorrência do mercado ilegal de bebidas destiladas. O documento foi publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo em 15/10.
A primeira iniciativa é o Programa Bebida Legal, focado na capacitação de profissionais de estabelecimentos, bares e restaurantes para identificar características de produtos autênticos, diferenciá-los das falsificações, reforçar medidas de segurança e enfatizar a importância da compra apenas em canais oficiais. Os treinamentos são 100% online, gratuitos e com certificado de participação. Acesse https://bebidalegal.com.br/
As três entidades também lançaram uma cartilha. O objetivo é conscientizar consumidores e profissionais do setor de bebidas sobre a importância de reconhecer marcas autênticas e combater a falsificação.
A cartilha traz orientações sobre como identificar sinais de adulteração, alerta sobre riscos à saúde e segurança associados ao consumo de produtos irregulares e oferece canais de denúncia e apoio. O objetivo central é proteger o consumidor, promover práticas responsáveis no comércio de bebidas e fortalecer a confiança no mercado.
Para embasar o debate com evidências concretas, a ABBD encomendou à Euromonitor International um estudo. O trabalho atualiza o diagnóstico do mercado ilegal no Brasil. Os dados revelam que, em 2024, esse segmento movimentou R$ 55 bilhões, gerando uma perda de arrecadação de R$ 28 bilhões para o país.
O levantamento também aponta como principais fatores que impulsionam o problema a elevada carga tributária, a impunidade e a crescente sofisticação das redes criminosas, que se aproveitam da popularização dos canais de venda informais e digitais para escoar produtos falsificados a preços muito abaixo do mercado. Porém, o mercado ilegal não é predominantemente composto por produtos falsificados; esse segmento é muito menor, sendo a sonegação fiscal e o contrabando as principais atividades ilícitas.
APRENDA A IDENTIFICAR BEBIDAS FALSIFICADAS E DENUNCIAR CASO TENHA ALGUMA SUSPEITA (CANAL DE DENUNCIA ABBD)
Conheça a seguir as verdades em relação às principais fake news sobre bebidas adulteradas com metanol que estão circulando nas redes sociais.
O risco de metanol em bebidas não está relacionado ao envase, mas sim à produção clandestina. O metanol não surge de forma espontânea numa linha de engarrafamento regular; ele é adicionado de forma criminosa em processos ilegais para baratear custos. Empresas legalizadas seguem padrões rígidos de controle de qualidade e inspeção sanitária, que impedem a contaminação com metanol. O envase em si, quando feito em indústrias regulamentadas, tem controle de higiene e segurança fiscalizados pela Anvisa e pelo MAPA - Ministério da Agricultura e Pecuária.
Essa informação é falsa e está sendo distorcida. Se olharmos apenas para o crime de falsificação, ele representa 1,1% do total do mercado de bebidas alcoólicas. Se segmentarmos apenas o mercado de destilados, o percentual é de 4,7% de bebidas falsificadas.
A confusão acontece porque o mercado ilegal de bebidas destiladas – que realmente tem uma expressiva participação de 28% do total do mercado - inclui todo tipo de ilícitude, como evasão fiscal, contrabando/descaminho, produção sem registro e, também, a falsificação nessa proporção bem menor.
Sua primeira providência, caso você suspeite que está intoxicado por metanol, deve ser procurar imediatamente um atendimento médico. A informação de que a vodka poderia atuar como antídoto vem sendo muito comentada porque, de fato, o etanol – ou o álcool que existe nas bebidas – pode funcionar como antídoto na falta do principal deles, que se chama fomepizol.
Segundo explicação do repórter Álvaro Pereira Júnior, que também é químico, em reportagem exibida pelo Fantástico no dia 5/10, o mecanismo do etanol é parecido com o de outros antídotos: o paciente recebe uma dose, calculada pelos médicos, que pode até ser dada na veia. Conforme o etanol entra no organismo, vai ocupando logo as enzimas do fígado e fazendo com que o metanol não consiga mais "colar" nessas enzimas. O metanol, então, deixa de ser transformado em substâncias mais tóxicas e acaba sendo eliminado na urina.
Contudo, é fundamental reforçar que os antídotos, seja o fomepizol ou o etanol, só podem ser administrados sob rigorosa supervisão médica. Não tente fazer um tratamento caseiro.
Assista à reportagem completa em https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2025/10/05/intoxicacoes-por-metanol-conheca-o-antidoto-usado-pelos-medicos.ghtml.
A Receita Federal já desmentiu, em nota oficial, qualquer tipo de ligação entre o metanol em bebidas e o fim do Sicobe. O Sicobe era um sistema de controle de produção de bebidas por meio de selos e monitoramento eletrônico, unicamente para fins tributários. Já o metanol é adicionado em esquemas de produção clandestina, o que já acontecia antes, durante e depois do Sicobe. A relação entre bebida adulterada e metanol é um problema criminal e de saúde pública, não administrativo ou tecnológico.
O programa de treinamentos promovido pela ABBD (Associação Brasileira de Bebidas Destiladas), ABRASEL (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), ABAD (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores), ABRAFESTA (Associação Brasileira de Eventos), ABRAPE (Associação Brasileira dos Promotores de Evento), FHORESP (Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de São Paulo), IBRAC (Instituto Brasileiro da Cachaça), Sicabege RS (Sindicato do Comércio Atacadista de Álcool e Bebidas em Geral no Estado do Rio Grande do Sul), Sindiatacadista RS (Sindicato do Sistema Comércio), com o apoio do Governo do Estado de São Paulo e da SEDCON Procon RJ. é voltado a fornecer informações práticas e ferramentas eficazes para comerciantes, bares, restaurantes e outros elos da cadeia de distribuição.
NA DÚVIDA, CONTATE O SEU EXECUTIVO DE VENDAS. BEBIDAS FALSIFICADAS PODEM CONTER SUBSTÂNCIAS TÓXICAS COMO METANOL, CAUSANDO DESDE INTOXICAÇÕES GRAVES ATÉ CEGUEIRA E MORTE.
Veja no painel do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) onde comprar bebida registrada.
O descarte adequado ajuda no combate ao mercado ilegal. Faça a sua parte:
Entre as medidas defendidas pela entidade, está a aprovação do Projeto de Lei 3.149/2019, que propõe tornar crime hediondo a falsificação, adulteração ou alteração intencional de bebidas — uma prática que ameaça diretamente a saúde pública e fortalece o crime organizado.
Para embasar esse debate com evidências concretas, a entidade encomendou à consultoria Euromonitor International um estudo que atualiza o diagnóstico sobre o mercado ilegal no Brasil. Os dados revelam que, em 2024, esse segmento movimentou R$ 55 bilhões, gerando uma perda de arrecadação tributária de R$ 28 bilhões para o país. O levantamento também aponta como principais fatores que impulsionam o problema a elevada carga tributária, a impunidade e a crescente sofisticação das redes criminosas, que se aproveitam da popularização dos canais de venda informais e digitais para escoar produtos falsificados a preços muito abaixo do mercado.
Além da produção de conhecimento, a ABBD também tem buscado dar visibilidade pública ao tema. Em setembro de 2025, realizou, em parceria com o Estadão, um importante evento técnico, reunindo autoridades, especialistas e atores da cadeia produtiva em torno da urgência de enfrentar o mercado ilícito.
A entidade também investe em campanhas de conscientização, reforçando mensagens de impacto como: "Bebida mais barata na internet pode custar caro", "Preço baixo, risco alto" e "O mercado ilícito retira bilhões em impostos e financia o crime organizado".
No eixo de educação do consumidor, a ABBD tem trabalhado para alertar a população sobre sinais que podem indicar adulteração ou falsificação. Entre os principais, estão: preços muito abaixo da média de mercado, lacres violados ou mal ajustados, rótulos desalinhados ou borrados e a ausência de selo fiscal ou QR Code de autenticação.
No campo da formulação de políticas públicas, a ABBD tem reiterado que a alta carga tributária aplicada a determinadas categorias do setor, especialmente os destilados, funciona como um estímulo para o avanço do comércio ilegal. Por isso, defende a criação de um sistema tributário mais simples e equitativo, com alíquota única para todas as bebidas alcoólicas, de modo a reduzir distorções, mitigar incentivos ao ilícito e fortalecer o mercado formal.
A ABBD ressalta que a solução para o problema passa necessariamente pela integração entre governo, órgãos de fiscalização, indústria, plataformas digitais e consumidores. Isso inclui o reforço das operações de fiscalização, o desenvolvimento de políticas de rastreabilidade como selos digitais e QR Codes, a responsabilização de marketplaces que hospedam vendas ilegais e, sobretudo, a mobilização social contra um problema que é sistêmico.
O mercado ilícito de bebidas não representa apenas fraude e concorrência desleal: ele significa perda de vidas, empregos e receita pública.